A Biotina é uma vitamina do complexo B com diversas atividades em nosso organismo, entre elas algumas reações de carboxilação. Do ponto de vista laboratorial a biotina é um componente essencial em várias avaliações por imunoensaios em vidro.
A biotina em concentrações fisiológicas interfere muito pouco nos testes por imunoensaio. Mas quando o uso é de doses mais elevadas pode promover resultados falsos positivo e falso negativo nos exames de sangue. Para que o leitor entenda, como falso positivo entendemos a alteração que acusa resultados compatíveis com determinados problemas de saúde sem que eles realmente existam. Por outro lado, como falso negativo compreendemos a ausência de alterações sanguíneas compatíveis com determinadas doenças.
A biotina é, para a área dermatológica, um dos principais suplementos capilares para fortalecimento de cabelos e unhas. Clinicamente também colabora com o melhor controle da glicemia e melhora quadros de neuropatias periféricas.
Indo muito além das doses que são consideradas adequadas para serem ingeridas diariamente (30µg/dia), temos no mercado suplementos para cabelos e unhas vendidos com dosagens muito acima desta, tidas como dosagens medicamentosas, como, 3.000µg, 5.000µg e 10.000µg. Megadoses também têm sido preconizadas para o uso o tratamento da esclerose múltipla e de outros problemas neurológicos, nestes casos acima de 100.000µg/dia.
Essas megadoses têm sido motivo de certa atenção por parte dos clínicos por, de alguma maneira, interferirem em resultados de dosagens sérias de determinadas substâncias, entre elas os hormônios tireoidianos. O resultado são um falso aumento do resultado de T4 livre e uma falsa redução do TSH, Isso pode favorecer um falso diagnóstico de hipertireoidismo.
Em uma revisão de literatura publicada no Annals of Laboratory Medicine em 2019 os autores citam o fato de que a maioria dos suplementos que contém biotina contam com doses que não superam 3.000µg (3mg), mas que pessoas que tenham erros inatos do metabolismo costumam ter necessidade de doses diárias mais elevadas de biotina (entre 10.000µg a 15.000µg/dia).
Um texto publicado pelo Capítulo Italiano da Associação Americana da Encodrinologia Clínica (Italian Chapter of the American Association of Clinical Endocrinology – AACE), Cozzi e Baglioni apresentam uma tabela (que segue em anexo) sobre as alterações séricas que podem estar associadas ao uso da biotina em doses elevadas. Vale estar atento a esses elementos que são pesquisados no sangue dos pacientes quando em uso de biotina.
Para garantir que os resultados sejam mais fidedignos os artigos sugerem a pausa do uso desses suplementos por mais de dois dias antes do exame ajuda a evitar resultados que sejam falsos positivo e negativo em pacientes que tomam doses elevadas de biotina.
Referências:
Soh SB, Aw TC. Laboratory Testing in Thyroid Conditions – Pitfalls and Clinical Utility. Ann Lab Med. 2019 Jan;39(1):3-14. https://doi.org/10.3343/alm.2019.39.1.3
Deixe um comentário